27 de fev. de 2013

Quando o romance se findou.


Quando o romance se findar, por favor não mascare o rosto.
Mostre o que deveras há em seu coração, não oculte a dor.
Aproveite esse momento e chore. Rasgue a alma da maneira que puder:
Raspe a cabeça, pule de um pé só pela casa ou rasgue sua roupa como sinal de luto.
Quando o romance se findar, por favor não finja indiferença.
Não tente mostrar pros outros que você está radiante e feliz.
Deixe-os perplexos pela sua honestidade, diga que ainda ama e que não esqueceu.
Compre chocolate e assista um filme bem dramático e se desmanche nas lágrimas.
Quando o romance acabar, eu suplico, não corra atrás de outros para esquecer de vez o amor que findou.
Por favor, só escolha outro alguém se essa pessoa for deveras seu amor, e não um tampa buracos.
Quando a chuva chegar o que ocorrerá com valas do seu coração? Erroneamente preenchidas por amores instantâneos.
Não queira beijar todas os lábios para lembrar no fim da noite que deseja apenas um.
Quando o romance acabar, pelo amor de Deus, se valorize.
Chore, grite, sangre, mas não se venda por balas!
Se tranque no seu quarto e deixe todas as dores saírem completamente do seu interior.
Não esconda nenhuma, exponha tudo.
Pare de querer provar pras pessoas que você está bem, querendo engolir o mundo com essa boquinha de arroz.
Auto afirmação nunca curou arranhões que dirá úlceras sentimentais.
Pare de querer mostrar que superou! Supere primeiro para depois sair cantando vantagem pela avenida!
Vai, criança, grita pelo seu Pai!
E diz a ele tudo que está doendo e latejando aí dentro, 
porque ele cura, e não apenas mascara!



Quietude


A minh'alma quieta está esperando pelo seu sopro.
Suave como um vento manso a sacudir toda a poeira arraigada em meus nervos.
Sua brandura irradia meus poros e clareia cada lugar inóspito.
Teus versos escritos em palavra antiga iluminam o meu Caminho.
E sua voz indelével me adorna de cores, brisa e satisfação.
Estar contigo é como estar flutuando num céu completamente azul.
Voando como uma andorinha a sentir o vento eriçar as asas esbranquiçadas.
Seu amor me cura completamente, limpa meu corpo e me oxigena.
Quieta está a minh'alma esperando por sua presença, querido Mestre.
Leva-me para as águas puras, e me faz repousar durante a tempestade.

Orvalho vespertino.


Ela olhou receosa para o céu cinzento e pensou consigo que talvez chovesse pela manhã.
Estava certa, a chuva caiu às 10:30, o mormaço irritou seu nariz e fechou a janela da sala.
Escolheu um romance qualquer da estante de livros e começou a caminhar as pupilas pelas páginas.
Esqueceu da leitura meia hora depois e adormeceu.
Ela sonhou com figuras estranhas em cenários conhecidos, violoncelos e um escafandrista simpático.
Era quase metade do dia, e ela dormia ao som da chuva que caía singela no solo austero do quintal.
E o sonhou mudou de repente, agora se passava num parque de diversões.
Esquadros e leões marinhos percorrendo o perímetro do parque que já não era tão divertido agora.
E mais chuva troando lá fora, e dentro dela um mar bravio invadindo a montanha russa, levando os brinquedos e surrupiando tudo.
E sorrateiramente fez-se um silêncio profundo.
Ela acordou e viu que a chuva caía a cântaros lá fora.
Então decidiu usufruir dessa bênção e sentir cada gota de vida tocando sua derme dourada.
E a tarde ficou ainda mais gelada quando sua pele foi tocada, não era um sonho, era real. 
Envolta de brisa e poesia ela se encontrava.



Renovo!



                    As vezes quando olhamos nosso reflexo num espelho límpido percebemos como o comprimento do nosso cabelo está simetricamente exagerado se comparado a nossa ternura. Parece que falta qualquer coisa em nossa feição que nos complete, ou que reflita o intrínseco. Nesse instante de desconforto buscamos uma boa dose de renovação. Seja à caminho de uma cabeleireira diferente ou mesmo uma mudança no guarda roupa. Pequenos detalhes que acrescentem vivacidade e ousadia na face monótona. E foi com esse pensamento que resolvi cortar as madeixas. Assim puro e simplesmente, numa tarde alegre e sutil pedi a minha mãe que me levasse na cabeleireira dela e decidi inovar totalmente. Sempre quis um cabelo curtíssimo e bastante encaracolado, só precisei criar coragem e radicalizar. O que resultou disso? Um reencontro comigo, na verdade uma renovação, ainda mais espontânea e bucólica. Parece que o sorriso cresceu e ficou ainda mais feliz! Depois que me vi com meu novo corte percebi uma Tammy que sempre esteve aqui dentro, e que somente agora brotou sem medo. Assim mais livre, mais alegre e voadora(rsrs)! Parece que uma simples ação nos torna mais autênticos e restaurados. Agradeço a Deus por esse maravilhoso renovo, que nasceu do seu imensurável amor e me encorajou a ser o que ele deseja que eu deveras seja! Afinal, nada como o amor de Jesus para regenerar toda a tristeza e decepção do nosso coração, trazendo chuva e esperança para nosso rosto jubiloso!

25 de fev. de 2013

Nua

                                      
Despiu-se da auto piedade.
Desnuda estava de si.
Assim nua pela rua repleta de cores, sabores, vestígios.
Despiu-se do flagelo.
Desnuda observou cada cicatriz.
O que antes era oculto agora se desvela, revela.
Despiu-se da selvageria.
Desnuda ficou como uma pétala desgarrada da flor.
O aroma, o tempero e a candura passaram; ficou a ermo.
Despiu-se da relutância.
Desnuda conversou com a aurora, e esta revelou que a luz transcende das almas despidas de orgulho.
A claridade irradiada pela claraboia do eu, transparece cada alvorecer interior.
Despiu-se da externalidade.
Desnuda ficou diante de si e viu enfim, sua cara suja e foi tomar um banho de regeneração.

E quantas vezes precisamos ficar nus para perceber nossa essência longe da roupagem que muitas vezes inventamos para nos cobrir. Rasgar as vestes e colocar o rosto no chão seco. Sentir a poeira e nos percebermos como grãos que o vento leva, dissolve, peneira. Porque um dia temos que encarar nossa real face, despida de toda teatralidade, somente você e Deus na penumbra. E nus poderemos enfim reconhecer quem deveras somos e o que queremos ser, buscar a regeneração sem deixar arestas, interrogações e vírgulas que um dia poderia nos conter. Abraços*-* Tammy.

24 de fev. de 2013

Em busca do layout perfeito...


O dia escorregou entre meus dedos. Como uma arqueóloga escavei a fundo os templates que estavam espalhados pela infinitude da internet. Mas foi em vão. Tive momentos de decepção e gozo, instantes de júbilo e outros de completa irritação. Procurar um layout é como caçar escaravelhos no oceano. Simplesmente não há um template que nos satisfaça completamente. Sempre falta uma coisinha, e é essa vírgula no meio da oração que prolonga todo a busca. Por essa empreitada deixei a vontade de escrever na gaveta e decidi ir em busca de um novo layout. Algo que fosse mais ameno e suave, que transparecesse minha brandura. Um tom azul bebê ao fundo e as palavras como arcabouço primordial. E as horas queridos não congelaram os sinos, e o tempo correu como avestruzes no campo. Deu até para sentir a ausência das horas. A preguiça que vem de repente e nos tira do foco. Assim transcorreu o fim de semana. Como uma chuva rápida e quente. Fiquei, enfim, com essa mesma feição ardente. Com esse aspecto intenso de chamas crepitantes queimando cada palavra e lapidando todo sentimento bruto. Acho que, como minhas amigas adoram repetir, esse template que seus olhos observam, me descreve em profundidade. É como se me traduzisse em cores, num tom cálido e artístico. Embora tenha buscado desesperadamente um novo designer, os que se apresentaram diante das minhas pupilas exigentes não conseguiram me encantar tão intensamente e ardentemente como esse cor de fogo. Talvez, algumas mudanças singelas mas continuarei usando esse. Um dia encontro um novo, um que seja ainda mais forte e sensível que esse. Só Deus sabe mesmo, e por enquanto, caros leitores, vocês verão esse lugar com cores vivas de um fogo que consome versos, prosa e poesia. E transforma cada palavrinha solta em um perfeito diálogo intrínseco. Abraços.



22 de fev. de 2013

Obtuso.


Porque perto dele o meu sorriso era menos obtuso.
Meu jeito desonesto de ser feliz era insultado pela doçura dele.
Os livros silenciosas abriam um sorriso enorme quando ele os lia para mim perto da lareira.
Aquele calor que só os apaixonados sentem aquecendo o frio, e no fundo não resta dúvidas:
era amor e eu nem notei.
Ficou pendurado na parede da sala o quadro que ele me deu, e eu nem reparei nas flores.
Ele me ensinou alguns passos de tango, me abraçou quando senti calafrio e foi embora como um bom rapaz da marinha.
Talvez o oceano me traga um pouco de ar.
Sua respiração em cada baforada de uma linda jubarte.
Eram dias azuis e eu não vesti meu melhor vestido.
Tão óbvio seria se eu o amasse, mas esqueci de guardar os melhores anseios.
Me restou a quietude e a maré quase adormecida.
Um sorriso sincero para celebrar o amor que vive dentro da gente e nem sabemos...

20 de fev. de 2013


Sobretudo, amor.
                 

18 de fev. de 2013

Depois de ler Jane Austen...




É claro que eu a amava. E que cada gesto gracioso feito por ela me deixava ainda mais encantado como se nunca a tivesse visto. Poderia ficar horas observando-a entre sua parentela na sala de visitas.  O modo como caminhava e cumprimentava cada familiar com uma jovialidade jamais vista, o brilho dos olhos ao olhar o sobrinho recém nascido como se estivesse segurando seu bem mais precioso. Sua doçura em dizer obrigado quando seu irmão mais moço cedeu-lhe o lugar em que estava acomodado. É claro que eu estava apaixonado por ela. Cercado de cores e flores e toda a felicidade que ela me proporcionava somente por sua existência.  Sua meiguice me inspirava a criar belos poemas e isso me animava diante das atividades comuns da rotina. Tê-la junto a mim era um sonho idealizado a cada anoitecer, e quando o dia começava eu a amava ainda mais que noite passada. Pensei seriamente em me declarar para ela numa quarta feira de sol ameno e céu azul bonito. Mas me faltou coragem, na verdade coragem não faltava, mas as palavras simplesmente se esconderam de mim. Ela, como de costume, demonstrou seu temperamento amável e compreendeu meu comportamento como tolerável, já que para ela eu não passava de um homem solteiro atrapalhado. Disso eu não me orgulhava. Sempre me sentia desconfortável quando nas rodas de conversa era um dos únicos a passar dos 30 e não ter pedido nenhuma dama em casamento. Desconcertava-me ainda mais saber que metade dos cavalheiros presentes já estava enamorado ou mesmo noivo de alguma donzela do condado. Era patético o modo como eu era tratado por meus irmãos mesmo sendo o segundo dos sete filhos de minha querida mãe. Que recursos tinha eu em pedi-la em noivado se mal conseguia arrancar dela alguns dedos de prosa? Na verdade ela era a dama mais gentil que conheci na vida, e seria mais que um sonho tê-la como esposa pelo resto dos meus dias nessa terra. Sua companhia era para mim a maior felicidade que um homem como eu poderia ter, e estimá-la era uma das atividades pelas quais me mantinham em fervorosa alegria mesmo nos dias cinzas. Que poderia eu fazer para conquistá-la e roubar seu coração para sempre? Nunca fui bom em discursar e parecer inteligente saboreando as palavras com meu bom sotaque britânico, mas poderia deixar qualquer um pasmado pela minha perspicaz escrita. Tenho um apreço descomedido por pianoforte. Meu pai se orgulhava em ver-me tocar um instrumento com o mesmo afinco que ele cavalgava seus belos alazões. Mas somente alguns sabiam disso. Ela nunca me viu tocar e muito menos passou os olhos nas minhas cartas recentemente seladas para sua casa em Devonshire. Ela adorava desenhar e isso me custava horas contemplando passo por passo seu afinco em terminar um desenho bonito de um cavalo árabe que ela viu dia desses galopando nas montanhas. Mas se havia algo nesse sisudo moço de trinta anos que roubasse a atenção dela eram meus suntuosos olhos azuis. Herança de família, coisa rara, na verdade não. Todos os meus irmãos tinham olhos claros, mas os meus são de uma resplandecência fora do normal. Eu conseguia ver como ela ficava embaraçada quando eu a fitava diretamente. Parecia fascinada pelo tom azul que meus olhos irradiavam e eu amava vê-la sorrindo, sorrindo como uma manhã dourada depois de uma noite tenebrosa. Eu a amava e isso me deixava cada vez mais à deriva diante de tamanha inclinação pessoal para qualquer movimento que ela praticava. É claro que eu estou arruinado, e o tinteiro acabou para minha satisfação e já posso fechar mais um dia do meu diário íntimo e adormecer pensando na mulher mais virtuosa que meus aquáticos olhos poderiam amar.  
Depois de ler 7 capítulos de Razão e Sensibilidade fiquei cativada pelo modo lindo e sutil da Jane Austen de escrever seus deliciosos romances. O que me impulsionou a ler esse mimo da Austen foi um teste super fofo que a Dinha Cavalcante do Arcádia indicou no blogue recentemente. Fiz o teste e o resultado foi a heroína Marienne Dashwood! O teste é bem rápido mas precisei do google tradutor para me auxiliar, pois meu inglês empacou no verbo to be, rsrs. Para as heroínas da contemporaneidade espero que façam o teste e descubram com quem mais você se parece entre as mulheres encantadoras da nossa romancista preferida! Faça o teste aqui > Quiz  
                                        I am Marianne Dashwood!
"Marianne Dashwood Está de Sense & Sensibility! Você é impulsiva, romântica, impaciente, e talvez um pouco brutalmente honesto. Você gosta de poesia romântica e romances, e jogar o piano maravilhosamente. Para arrancar, sua voz cantando é cativante. Você sente profundamente e amar apaixonadamente." Então essa personagem parece um tiquinho comigo?

Desculpa Moço - Capítulo 4.

Moça,

Escrevo esta carta com o mesmo sentimento que te motivou a deixar em minha casa as palavras que partiram meu coração em pedaços. Demorou um certo tempo para refazer o que restou de mim e juntar forças para escrever uma carta que traga você de volta para o seu lar. Você sabe perfeitamente que minha timidez sempre me conteve e por essa razão silenciei quando devia declarar a todos que eu estava profundamente apaixonado por você. Talvez isso seja inaceitável para alguém que não possui o terrível receio de errar. Mas como um bom homem poupo muitas das minhas palavras para não causar enfado em quem me escuta, entre falar e calar escolho sempre ficar seguro na margem, que ficar à deriva em mar aberto. Bem sabes da minha postura fria em tempos de maresia. Conheces mais que qualquer um esse meu desajustado modo de dizer eu te amo mais que meus discos raros da estante da sala. E se eu pudesse mudar o que passou iria com certeza tentar agir de modo incomum com você. Desculpe essa asperidade, que até numa carta transparece toda a aridez da minha personalidade. Sempre me achei insuficiente para sua auto suficiência. E não ficarei surpreso caso escolha ficar aí e ganhar o mundo com a sua inteligência. Mas não quero transparecer minha austeridade, que fique aqui apenas o homem por quem você se apaixonou. E se quiser saber foi graças a você que descobri algo em mim além das fragilidades e rigidez. Sua voz doce sempre me causou danos gigantescos, ela era como um bálsamo a acalmar meu coração duro. Seus olhos verdes sempre me custaram noites em claro, ou mesmo sonhos bonitos em que suas pupilas mais pareciam árvores em movimento, me enchia de paz pensar na beleza dos seus olhos. E agora só me restou a fisionomia do seu rosto. Nunca mais a vi, e por isso tenho sonhado pouco, na verdade quase nunca sonho. A vida ficou chata sem você. Nem vou tomar banho de rio aos sábados porque ficou vazio aquela imensidão verde sem o seu sorriso. Também não colho lírios no campo porque perdeu o sentido pegar flores e não ter companhia para ver o espetáculo do pôr do sol no final do dia. Até o café ficou amargo, e os livros são minha companhia no cair da noite. Meu amor eu só quero que você volte para mim e me deixe sentir de novo a felicidade de estar aqui nessa terra. Sentir o seu cheiro de maracujá e abraçar-te até que me falte forças, mas sei que só de você estar comigo me sentirei completo. Desculpe meu amor por não saber amar-te como você me ama. Mas volta, e me ensina a ser o homem que completa você?

                                                           Amorosamente,
                                                                           moço.

17 de fev. de 2013

Eu quero alguém que...


Eu quero alguém que me ame nas entrelinhas.
Eu quero alguém que perceba cada detalhe escondido.
Eu quero alguém que fique fascinado pelo meu jeito de dizer as palavras mais difíceis.
Eu quero alguém que se encante pelo brilho acetinado das pupilas dos meus olhos.
Eu quero alguém que fique intrigado pelos livros na minha estante.
Eu quero alguém que leia Tolstoi e se encante com os escritos de Dostoievski.
Eu quero alguém que repare no modo como mexo as pernas quando estou nervosa.
Eu quero alguém que me ame voluntariamente de dentro para fora.
Eu quero alguém que saiba a diferença entre poema e prosa, que saiba a que escola pertence Monet e Renoir.
Eu quero alguém que compreenda a grandiosidade de uma simples tarde ensolarada.
Eu quero alguém que sinta profundamente cada detalhe da vida e traduza tudo em palavras.
Eu quero alguém que saiba apreciar um delicioso café preto e alguns fofitos de leite.
Eu quero alguém que goste de música mansa, tranquilas e instrumentais.
Eu quero alguém que prefira cineminha em casa que um grande filme em 3D no shopping.
Eu quero alguém que fique satisfeito com uma sopinha quente no final do dia.
Eu quero alguém que saiba minha música favorita, e que meu filme preferido é um documentário.
Eu quero alguém que consiga ver os desenhos nas asas das borboletas.
Eu quero alguém que fique em silêncio ouvindo a canção das baleias corcundas.
Eu quero alguém que goste de suspenses policiais e assista CSI depois de ler Agatha Christie.
Eu quero alguém que cite G.K Chesterton e C.S Lewis.
Eu quero alguém que detesta racismo e ler os escritos de Martin Luther King Jr.
Eu quero alguém que segure em minha mão e sente ao meu lado quando chegarmos na igreja.
Eu quero alguém que saiba notar a tristeza nos meus olhos, mesmo que eu esteja rindo.
Eu quero alguém que escreva cartas, sabendo que as palavras me preenchem mais que presentes.
Eu quero alguém que converse comigo sobre os assuntos que não converso com mais ninguém.
Eu quero alguém que tenha prazer em conversar com Deus.
Eu quero alguém que cante comigo uma bela canção de amor a Jesus.
Eu quero alguém que...
Meu Deus! Eu estou querendo eu mesma e nem percebi.
__________________________________________________________ >>

Depois de uma introspecção percebi como eu me amo. E como consigo perceber cada detalhe sem precisar de outra pessoa para me completar. Claro que eu não me completo, mas consigo me perceber além da superfície. Além das cores que gosto mais ou do meu filme preferido. Sei exatamente como desejo meu amor. Mas honestamente não é tão interessante alguém que perceba em mim as mesmas coisas que eu observo. Sei lá, as vezes é bom notar o movimento do mar sob um novo ângulo. E ouvir músicas mais agitadas ou mesmo ir ao cinema num dia de chuva. As vezes a gente lista a pessoa perfeita e ela nunca aparece, apenas alguns poucos mortais que se enquadram em alguns requisitos da longínqua lista. A gente nem vê a nossa xerox em cada opção, e que nos distanciamos cada vez mais da realidade. Dificilmente encontraremos uma pessoa que irá se encaixar completamente em quase todos os requisitos do " Eu quero...". Ninguém é obrigado a gostar de Monet e saber que ele é um pintor impressionista. Isso é algo meu, intrínseco. Tem coisas que nos pertencem, que não cabe a outros notarem anão ser nós mesmo. Deixa que eles descubram o que a gente não percebeu ainda, tão bom ser surpreendida. A gente faz tantos projetos e esquece de deitar numa rede macia tirar os chinelos e descansar. Um dia se Deus permitir a gente encontra alguém que nos ame pelo que somos, e até mesmo pelos nossos enigmas e segredos. Alguém que consiga renovar a velha listinha e nos mostrar que somos muito mais do que achamos ser. Alguém que, como nós, está aprendendo a se conhecer a cada dia e nessa jornada entende que só Deus para nos sondar inteiramente sendo capaz de conhecer até mesmo o que desconhecemos. " O amor está nos esperando até estarmos prontos"!


People.

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Pessoas caminham na rua e o relógio da igreja marca meia noite.
Pessoas conversam e não conseguem se entender.
Pessoas escutam mas não ouvem.
Pessoas caminhas mas não conseguem sentir os pingos de chuva que escorre pela chão.
Pessoas machucam as pessoas e nem percebem o sangue que desce pelas narinas.
Pessoas apunhalam-se sem espadas visíveis, palavras cortando um coração em pedaços.
Pessoas andam na rua e não conseguem ver os rostos que estão por perto.
Pessoas esqueceram de dizer boa noite.
Pessoas dizem eu te amo, mas não demonstram.
Pessoas comem palavras bonitas mas vomitam asquerosos insultos.
Pessoas dançam sem dançar e cantam sem sentir a música fluir e chegar a atmosfera.
Pessoas choram e são consoladas.
Pessoas se alegram e são ignoradas.
Pessoas usam fantasias mas não é carnaval.
Pessoas se calam e o silêncio se materializa na lividez das faces que sorriem sem alegria.
Pessoas machucam as pessoas e não sabem que seu maior adversário poderia deixar de ser apenas um obstáculo.

Viver


Deixei a xícara vazia na janela e os pingos de chuva transbordaram e molharam a ponta do livro que estava na mesa. É bom estar bem acompanhada. As minúcias da vida parecem mais empolgantes vistas sob o prisma da simplicidade. Como chuviscos buscamos molhar a terra árida para formar poças, garimpando amores pelas minas e encontrando apenas vestígios vazios. É hora de ser amada, de ser cuidada; deixar Deus me amar e permitir que ele conduza meus passos. Cansei de querer dirigir tudo em minha vida e sempre acabar perdida pelos caminhos mais estranhos que acreditava conhecer profundamente. Escrever acasos e rastros deixou-me escassa de amor honesto. Olhar  a vida com olhos mais calmos me deixa tão tranquila. E essa quietude me abraça de modo lento e quase não sinto a ventania que passa sonolenta pela planície. Paixões sempre me fazem respirar ofegante, mascarar a verdadeira face e transitar como um protótipo, escondendo os defeitos e transfigurando as reais intenções. Quando esqueço das horas e do toque dos sinos silenciando o dia eu começo a sentir cada gota de vida presente num singelo momento. Começo a adentrar verdadeiramente na vida e sentir cada detalhe como se nunca tivesse sentido a sensação de existir, de estar aqui. As vezes determinamos nossa alegria pela presença de alguém que nem sempre está disponível para nós como o mais indelével amor que nos é oferecido gratuitamente. Estamos sempre mendigando sentimentos como se a nós não fosse dado nenhum resquício de afeto. Como se estivesse sempre seco o rio de águas purificadoras. Mas, estamos sempre à procura de fontes duvidosas. Achando que aquele poço profundo ornado de pedras rústicas terá a água mais límpida que as outras águas barrentas e sujas que levamos a boca pouco tempo atrás. Resolvi sentir a verdadeira vida, o verdadeiro perdão e ser mais que "átomos no oceano..."

O que te inspira?

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O que escrever quando as palavras resolvem ficar dentro da boca? Quando o sentimento não consegue fluir e traduzir-se em sílabas? O que descrever quando a vista está cansada a ponto de não perceber os detalhes? Quando um pôr do sol torna-se simplesmente um acontecimento natural e tão comum quanto o arco íris que nasce dos pinguinhos de água da bica da nossa residência? O que fazer quando os amores tão ardentes de tempos não tão longínquos se acabam, os poemas simplesmente perdem a paixão, e a inspiração extravagante fica escassa. É nessas horas que as lágrimas caem mais ácidas dos olhos. E molham toda a secura do rosto que antes estava desértico de chuva.

Quando ele te esqueceu.

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Uma simples luminária guiava meus dedos sonolentos no escuro. Nada parecia suficientemente agradável e cada papel jogado no lixo somava um milhão de emoções desperdiçadas. Não conseguia aceitar a dor que se estendia em meus olhos pela ausência de afeto. Tantas palavras soltas pela rua e nada restou de concreto. O poeta que me entregou rosas escarlates embarcou no primeiro navio para o Sul. Senti o gelo cortando cada sentimento e como estilhaços eles derreteram no chão quente do asfalto. O amor que eu dizia sentir era honesto e não havia rancor nas palavras que escrevi naquele dia de solidão. Meu amor por você ficou resfriado por ficar sempre na chuva, esperando uma iniciativa sua em abrir a porta e convidar-me para o chá. A sensação mais angustiante disso é desejar escrever um milhão de versos acerca da ternura que sinto por você, e me dói profundamente ter que silenciar cada palavra pela falta de afeto seu pelas minhas declarações apaixonadas. Eu costumava escutar músicas lentas que falavam de amor de um modo poético e afetuoso. Os livros eram mais cheios de inspiração e cada poesia criada era feita de sinceridade e delicadeza. Mas quando o poeta partiu eu apenas acenei tristemente na baía e derramei algumas lágrimas. Fingi não sentir falta. Deixei o choro camuflado e a face continuou dourada. Depois tratei de rasgar cada carta não enviada, cada verso incompleto que se perdeu para sempre pela casa, todas as súplicas e aforismos que costumava proferir em dias frios. Acho que lamentei mais a falta de vontade por escrever que a ausência dos seus olhos me observando. Quando ele me esqueceu eu ainda estava perdidamente encontrada na suntuosidade daquele sorriso. E para desapegar-me completamente ainda me custará algumas horas. Ainda é cedo para queimar todos os papeis pela sala. Nesse instante escrevo em conflito com cada sentimento ainda carente, existente. Sinto cada pedaço que se desfez. E remendá-los seria um erro, dar fim em cada um deles é o único meio de ver a vida com olhos mais apaixonados. Mais amor por favor, porque meu coração está quebrado demais para aguentar mais solidão.

16 de fev. de 2013

Depois dos versos.


O poema era bonito no papel cinzento.
Seguia a métrica adequada para torná-lo rico e bem recebido pela comitiva.
Havia honestidade mas faltava profundidade nas nervuras dos versos.
Eu estava só no quarto semi escurecido.
Pensava entrementes que apenas as palavras me acompanhavam no café taciturno.
Mas depois do silêncio veio um vento suave que bagunçou cada soneto.
Tudo estava incorreto.
Não havia paz naquela solidão pacífica.
Uma dor surrupiando a alma imatura, e eu chorei pela ausência de alegria naquela tarde sem luz.
Ninguém bateu na porta para recolher as frases soltas pelo piso vermelho, o café frio adquiriu uma cor sem graça e eu estava tão vazia quanto o vaso de barro sem água na janela.
Só consegui pedir socorro aos céus. 
Naquele instante senti suas mãos recolhendo o que restou.
Era você juntando os cacos.
Que valiam os versos agora? 
Pois socorro só encontrei em Ti, Jesus.
Depois do silêncio sua voz refez cada tom desbotado da minha casa.

Refúgio.

Modelo: Desa A.
Iparana, CE.
Brasil


Acaso busquei nos lugares errados a paz que só existe em Ti.
Vasculhei enciclopédias e livros, em busca da verdade que só encontrei na tua Palavra.
Escrevi poemas e prosas tentando compreender a minha insatisfação constante, esse vazio interno.
Tentei encontrar alguém que me entendesse, que estivesse comigo nas horas ruins, mas no desespero só havia você.
Os livros se mantiveram quietos na mesa e as velas se apagaram na penumbra. 
Apenas sua luz iluminou a escuridão que me atormentava.
Seu amor me tocou de modo que nada nem ninguém conseguiu me tocar.
E agora posso descansar em Ti, pois encontrei um lar para habitar.
Refúgio achei nos teus átrios, querido Mestre.
Obrigado por me amar papai!



15 de fev. de 2013

Chuvinha

Um papel esbranquiçado sob a mesa. Dentro da cor branca um vazio. Um bocado de lágrimas no solo e um oceano de silêncio no ar escasso. Nesta solicitude comedida encontrei um caminho mais suave para trilhar. Algumas cartas esquecidas debaixo do móvel colonial e uma caneta azul submarino vazia de originalidade. Choveu e o vento arrastou cada lembrança pendurada no varal. Até os pregos que seguravam meu orgulho oxidaram e perderam a bravura. A casa de madeira resistiu ao temporal. Meus pés como de uma idosa congelaram com a friagem. Os beiços coloridos de violeta e o cabelo negro encharcado de chuva. O vento carregou todos os bilhetes e espalhou cada verso pela casa. As palavras flutuando no ar e libertando a poesia pela janela da sala. Corri para pegar o que restou de sentimento, mas até mesmo os avisos de mal tempo saíram feito pássaros no horizonte, e dispersos encontraram um lar pelas campinas à fora, restando a mim apenas sorrir enquanto cada detalhe se libertava.




14 de fev. de 2013

Borboletear!



A garota é toda sorrisos, maresia sol e mar.
Ela anda feito borboleta, voando pela calçada sem flutuar.
A moça tem olhos escuros, boca enorme e cachos enfeitando o rosto.
Ela adora ler sentindo o vento tocar de leve as páginas de um bom livro.
A menina adora pintar o cinza com as cores mais alegres que felicitam o céu com a tonalidade das flores.
Ela canta para esvaziar a alma e inspirar o oxigênio necessário para respirar com graciosidade.
A donzela gosta de contos românticos, mas resolveu se aventurar em crônicas mais honestas, que expressem a vida em sua própria simetria. 
A moçoila escreve com os dedinhos, com a mente, com cada partícula que a compõe.
Ela nunca foi beijada, mas não precisa expor tal verdade nos muros das ruas mais povoadas.
A jovem gosta de rir, de sentir, de louvar.
Ela sonha em ser mais leve, mais solta, mais borboleta e menos lagarta.
A menina quer ser mais criança, mais jovem, mais mulher....
Ela está tão tranquila e feliz que esqueceu de ser o que não é! 

13 de fev. de 2013

A enseada

A tarde surgia no horizonte com a sua quentura habitual. As pessoas andando tranquilas na calçada e os carros cansados percorriam a rua como de costume. Nada muito diferente da normalidade. O céu bonito sob as cabeças distraídas que não lembravam de reparar que o dia estava caindo nos braços da noite e somente algumas máquinas fotográficas guardaram aquele instante na memória. No meio da avenida principal uma moça de traços comuns caminhava sem pressa pelo calçadão e sentia-se completamente desencontrada no meio das pessoas nada percebiam de distinto em sua face simplória. E esse desconforto deixava a jovem desanimada. Queria, como todos os outros, ser notada , mas no meio do formigueiro uma formiga comum é apenas uma formiga comum. Não adiantava se esforçar para parecer mais atraente aos olhos alheios; um vestido ilustre, um sorriso estonteante no rosto ou um bom discurso não eram convincentes para atrair os olhares de quem ela desejava ser notada. Sentava nos bancos sem acabamento e lia um bom livro sentindo o vento sussurrar coisas bonitas em seus ouvidos. Ali no meio do povo, no centro da vida, ela se sentia como qualquer um que ali caminhava; mas, no quando olhava o mar ela se sentia perceptível, importante. Talvez fosse pela intensidade da brisa que a tocava de modo incomum; ou as ondas que se aproximavam cada vez que a tarde caía, mas devia ser a sublime sensação que a natureza lhe causava. Toda a beleza e sinceridade presentes na majestosa monotonia das ondas que chegavam até a orla e depois voltavam e o vento que soprava calmo mostravam toda a grandeza e amor de alguém que se importava com ela mais que qualquer pessoa do universo. Ela sentia a graça da vida na poesia presente no ar e no voo dos pássaros que caminhavam soltos na areia branca da enseada. A moça sentia o amor de Deus em cada detalhe contido ali. Por isso sentia-se distinta ao contemplar aquela maravilha de mar. Se sentia amada, importante para alguém tão grande que todos os dias lembrava-se de acordar o sol, soprar a brisa e dar sentido a cada uma das suas bondosas criaturas. O amor era a única razão de manter a esperança entre tantas cinzas de indiferença urbana.

5 de fev. de 2013

Vendaval.


Estávamos em lugares opostos quando o vento soprou.
O amor que você sentia virou grão e foi-se com o vento.
O meu permaneceu intacto.
Quando a poeira baixou e encontrei-me contigo sorri como uma boa mocinha apaixonada.
Mas onde foi parar teu riso bobo? Parecia tão sério e convicto de si.
Estremeci.
Que houve com ele?, disse quando ele me encarou com desdém.
Os olhos lívidos brilhavam sem aquela cor escarlate de outrora.
Os lábios cerrados não deixavam escapar um risinho, uma palavrinha boba.
O corpo lento mais parecia uma estátua que o homem por quem me apaixonei.
Rapidamente ele deu de ombros e partiu, sem adeus, sem poesia, sem emoção.
E a moça sentou na calçada, olhou as crianças correndo na rua e sentiu falta daquele tempo que bastava passar methiolate que a ferida parava de doer.

2 de fev. de 2013

Desculpa Moço - Capítulo 3

O livro estava marcado na página 7 com uma florzinha do campo. Ainda sentia o cheiro da planície nas pétalas azuis, aquele frescor de mato na folhinha quase morta atada fragilmente ao pedúnculo da flor. Aquele pedacinho de nada embaraçou sua vista e rapidamente perdeu-se da história. As palavras sumiram num redemoinho de memórias. Nada fazia sentido, apenas o cheiro do orvalho cobrindo a campina e despertando os pássaros dorminhocos. Fechou o livro com delicadeza, tomando o cuidado de trocar a flor por um pequeno envelope que estava sob a mesa. Gostava de olhar a rua pela janela suja do seu quarto. A fumaça da fábrica de castanhas deixando o céu cinza e  um casal de pombos namorando no poste quebrado. Dentre as inúmeras surpresas que ela encontrou naquele lugar, a ociosidade foi sem dúvida a mais desconfortante de todas. Ficava dias sem fazer absolutamente nada. E aprendeu a se acostumar com isso. Lia uns livros no final da tarde quando os programas da televisão ficavam insuportável, e aos domingos ia ao lago olhar os outros pescarem. Tentou escrever para uns amigos do sul mas faltava inspiração, as palavras simplesmente não saíam. Estavam adormecidas junto a ela, ao eu que se perdeu quando seus pés pisaram pela primeira vez naquele país. Foi comovente o modo que sua tia olhou para ela quando a viu na estação. Com olhos de alegria e preocupação, suas pupilas atentas observaram como as pálpebras da titia tremiam quando perguntou sobre o motivo de sua partida. Ela não soube responder. Sorriu sem graça e disse apenas que estava cansada da viagem e queria descansar um pouco. As conversa a partir daquele instante continuaram escassas. Falavam pouco sobre si mesmas, mas costumavam comentar sobre o clima ou alguma notícia que passou no jornal da noite anterior. Ela perdeu a vontade de prolongar as conversas, encerrava os diálogos com uma animosidade incomum. Quando sentia que os assuntos declinariam para o lado pessoal ela simplesmente desconversava. Na verdade tinha receio de chegar aos assuntos mais internos. Pra quê verbalizar as lembranças do pretérito? Preferia ficar no conforto do presente. Aceitar a brisa cinzenta da cidade e esquecer a candura do campo. Queria ser outra moça, talvez não tão branda como outrora, talvez com um pouco de fuligem na pele. Mas naquela tarde as lembranças vieram de modo inevitável. Escondida nas páginas velhas de um livro que carregou consigo quando partiu. Nem lembrava daquela flor e muito menos conseguiu fugir daquele dia em que ganhou a florzinha. Aquele moço da campina que roubou a flor da relva e lhe deu de presente. Para minha amiga, ele disse, e ela fechou a cara como guarda chuva quebrado num temporal. O rosto dele iluminado pelas luzes do sol que cercavam a planície e a flor esquecida num livro que estava lendo na primavera. Forçou os olhos a afugentarem a cena da sua mente. Os sons, a neblina, as luzes mornas desapareceram. Era noite e a tia chamou-a para jantar. Depois de comer a sopa a tia disse que a vizinha entregou uma carta que deixaram na sua caixa de correios naquela manhã. O carteiro deve ter errado o número da casa, disse a tia com tom alegre e entregou a carta para a moça que sentiu as pálpebras tremerem e sem mais delongas suas borboletas estomacais despertaram. Ela pegou a carta e saiu nervosa para o quarto, não explicou nada para a tia, apenas olhou sem jeito e se trancou no seu mundo. Que palavras haviam ali meu Deus? pensou a moça  antes de abrir a inesperada carta.

1 de fev. de 2013

Relva e poesia.



Sem paixão o verso brotou da aridez dos meus olhos.
Palavras que caíam das copas das árvores e beijavam o solo sem emoção.
Mas havia expressividade em cada nervura, na tinta fresca que escorria do verde envelhecido das folhas.
No outono os sonhos dormem sob os frutos maduros no chão das florestas do imaginário.
Os lápis se escondem nas gavetas velhas do porão vazio e a poesia fica calada, só esperando a chuva esquecer de molhar as rimas, a métrica, a forma.
E o caos se tornou apenas um anagrama.
Caso o vento surrupiasse a mobília havia um punhado de fé dentro do guarda roupa.
Entre o espelho antigo e os brincos quebrados, escondido no bauzinho arcaico.
A inflamada paixão sumiu no crepúsculo.
Ficou...
a vida.