17 de fev. de 2013

Viver


Deixei a xícara vazia na janela e os pingos de chuva transbordaram e molharam a ponta do livro que estava na mesa. É bom estar bem acompanhada. As minúcias da vida parecem mais empolgantes vistas sob o prisma da simplicidade. Como chuviscos buscamos molhar a terra árida para formar poças, garimpando amores pelas minas e encontrando apenas vestígios vazios. É hora de ser amada, de ser cuidada; deixar Deus me amar e permitir que ele conduza meus passos. Cansei de querer dirigir tudo em minha vida e sempre acabar perdida pelos caminhos mais estranhos que acreditava conhecer profundamente. Escrever acasos e rastros deixou-me escassa de amor honesto. Olhar  a vida com olhos mais calmos me deixa tão tranquila. E essa quietude me abraça de modo lento e quase não sinto a ventania que passa sonolenta pela planície. Paixões sempre me fazem respirar ofegante, mascarar a verdadeira face e transitar como um protótipo, escondendo os defeitos e transfigurando as reais intenções. Quando esqueço das horas e do toque dos sinos silenciando o dia eu começo a sentir cada gota de vida presente num singelo momento. Começo a adentrar verdadeiramente na vida e sentir cada detalhe como se nunca tivesse sentido a sensação de existir, de estar aqui. As vezes determinamos nossa alegria pela presença de alguém que nem sempre está disponível para nós como o mais indelével amor que nos é oferecido gratuitamente. Estamos sempre mendigando sentimentos como se a nós não fosse dado nenhum resquício de afeto. Como se estivesse sempre seco o rio de águas purificadoras. Mas, estamos sempre à procura de fontes duvidosas. Achando que aquele poço profundo ornado de pedras rústicas terá a água mais límpida que as outras águas barrentas e sujas que levamos a boca pouco tempo atrás. Resolvi sentir a verdadeira vida, o verdadeiro perdão e ser mais que "átomos no oceano..."

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