18 de fev. de 2013

Depois de ler Jane Austen...




É claro que eu a amava. E que cada gesto gracioso feito por ela me deixava ainda mais encantado como se nunca a tivesse visto. Poderia ficar horas observando-a entre sua parentela na sala de visitas.  O modo como caminhava e cumprimentava cada familiar com uma jovialidade jamais vista, o brilho dos olhos ao olhar o sobrinho recém nascido como se estivesse segurando seu bem mais precioso. Sua doçura em dizer obrigado quando seu irmão mais moço cedeu-lhe o lugar em que estava acomodado. É claro que eu estava apaixonado por ela. Cercado de cores e flores e toda a felicidade que ela me proporcionava somente por sua existência.  Sua meiguice me inspirava a criar belos poemas e isso me animava diante das atividades comuns da rotina. Tê-la junto a mim era um sonho idealizado a cada anoitecer, e quando o dia começava eu a amava ainda mais que noite passada. Pensei seriamente em me declarar para ela numa quarta feira de sol ameno e céu azul bonito. Mas me faltou coragem, na verdade coragem não faltava, mas as palavras simplesmente se esconderam de mim. Ela, como de costume, demonstrou seu temperamento amável e compreendeu meu comportamento como tolerável, já que para ela eu não passava de um homem solteiro atrapalhado. Disso eu não me orgulhava. Sempre me sentia desconfortável quando nas rodas de conversa era um dos únicos a passar dos 30 e não ter pedido nenhuma dama em casamento. Desconcertava-me ainda mais saber que metade dos cavalheiros presentes já estava enamorado ou mesmo noivo de alguma donzela do condado. Era patético o modo como eu era tratado por meus irmãos mesmo sendo o segundo dos sete filhos de minha querida mãe. Que recursos tinha eu em pedi-la em noivado se mal conseguia arrancar dela alguns dedos de prosa? Na verdade ela era a dama mais gentil que conheci na vida, e seria mais que um sonho tê-la como esposa pelo resto dos meus dias nessa terra. Sua companhia era para mim a maior felicidade que um homem como eu poderia ter, e estimá-la era uma das atividades pelas quais me mantinham em fervorosa alegria mesmo nos dias cinzas. Que poderia eu fazer para conquistá-la e roubar seu coração para sempre? Nunca fui bom em discursar e parecer inteligente saboreando as palavras com meu bom sotaque britânico, mas poderia deixar qualquer um pasmado pela minha perspicaz escrita. Tenho um apreço descomedido por pianoforte. Meu pai se orgulhava em ver-me tocar um instrumento com o mesmo afinco que ele cavalgava seus belos alazões. Mas somente alguns sabiam disso. Ela nunca me viu tocar e muito menos passou os olhos nas minhas cartas recentemente seladas para sua casa em Devonshire. Ela adorava desenhar e isso me custava horas contemplando passo por passo seu afinco em terminar um desenho bonito de um cavalo árabe que ela viu dia desses galopando nas montanhas. Mas se havia algo nesse sisudo moço de trinta anos que roubasse a atenção dela eram meus suntuosos olhos azuis. Herança de família, coisa rara, na verdade não. Todos os meus irmãos tinham olhos claros, mas os meus são de uma resplandecência fora do normal. Eu conseguia ver como ela ficava embaraçada quando eu a fitava diretamente. Parecia fascinada pelo tom azul que meus olhos irradiavam e eu amava vê-la sorrindo, sorrindo como uma manhã dourada depois de uma noite tenebrosa. Eu a amava e isso me deixava cada vez mais à deriva diante de tamanha inclinação pessoal para qualquer movimento que ela praticava. É claro que eu estou arruinado, e o tinteiro acabou para minha satisfação e já posso fechar mais um dia do meu diário íntimo e adormecer pensando na mulher mais virtuosa que meus aquáticos olhos poderiam amar.  
Depois de ler 7 capítulos de Razão e Sensibilidade fiquei cativada pelo modo lindo e sutil da Jane Austen de escrever seus deliciosos romances. O que me impulsionou a ler esse mimo da Austen foi um teste super fofo que a Dinha Cavalcante do Arcádia indicou no blogue recentemente. Fiz o teste e o resultado foi a heroína Marienne Dashwood! O teste é bem rápido mas precisei do google tradutor para me auxiliar, pois meu inglês empacou no verbo to be, rsrs. Para as heroínas da contemporaneidade espero que façam o teste e descubram com quem mais você se parece entre as mulheres encantadoras da nossa romancista preferida! Faça o teste aqui > Quiz  
                                        I am Marianne Dashwood!
"Marianne Dashwood Está de Sense & Sensibility! Você é impulsiva, romântica, impaciente, e talvez um pouco brutalmente honesto. Você gosta de poesia romântica e romances, e jogar o piano maravilhosamente. Para arrancar, sua voz cantando é cativante. Você sente profundamente e amar apaixonadamente." Então essa personagem parece um tiquinho comigo?

4 comentários:

Karine Maciel disse...

Nossa,essa heroína parece muito contigo,Tammy.
O meu teste deu Anne Elliot. A característica dela que se parece com uma característica minha é o fato de amar profunda e constantemente.
Adorei o texto,adorei o quiz,adorei tudo <3

Unknown disse...

J. é incrível! Meu livro favorito é Persuasão, mas a minha personagem favorita é a Beth, que também é minha heroina, haha. Valeu pela citação, mas vale ressaltar que eu tinha visto primeiro no blog da Mia, o Wink :) Show de bola esse quiz, né? Fiquei encantada!!

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Este texto seu flui como ondas sutis e suaves. O sentimento palpita em tocadas leves de um amor daqueles acima da média. Plumas de doçura parecem flutuar pelo ambiente, tão lindo que é sentir-se dentro da leitura, viajando neste romance tão bem composto, tão perfeitamente cantado. É melodia doce demais. E não enjoa.

Amei essa característica inspirada em Jane. Ficou muito amoroso e gentil.

Beijo querida!!

Desa disse...

Prima eu fiz o Quiz com calma e deu a Elizabeth !!! aaah! tinha que ser.