É claro que eu a amava. E que cada gesto gracioso feito por
ela me deixava ainda mais encantado como se nunca a tivesse visto. Poderia ficar
horas observando-a entre sua parentela na sala de visitas. O modo como caminhava e cumprimentava cada
familiar com uma jovialidade jamais vista, o brilho dos olhos ao olhar o
sobrinho recém nascido como se estivesse segurando seu bem mais precioso. Sua
doçura em dizer obrigado quando seu irmão mais moço cedeu-lhe o lugar em que
estava acomodado. É claro que eu estava apaixonado por ela. Cercado de cores e
flores e toda a felicidade que ela me proporcionava somente por sua existência.
Sua meiguice me inspirava a criar belos
poemas e isso me animava diante das atividades comuns da rotina. Tê-la junto a
mim era um sonho idealizado a cada anoitecer, e quando o dia começava eu a
amava ainda mais que noite passada. Pensei seriamente em me declarar para ela numa
quarta feira de sol ameno e céu azul bonito. Mas me faltou coragem, na verdade
coragem não faltava, mas as palavras simplesmente se esconderam de mim. Ela,
como de costume, demonstrou seu temperamento amável e compreendeu meu
comportamento como tolerável, já que para ela eu não passava de um homem
solteiro atrapalhado. Disso eu não me orgulhava. Sempre me sentia desconfortável
quando nas rodas de conversa era um dos únicos a passar dos 30 e não ter pedido
nenhuma dama em casamento. Desconcertava-me ainda mais saber que metade dos
cavalheiros presentes já estava enamorado ou mesmo noivo de alguma donzela do
condado. Era patético o modo como eu era tratado por meus irmãos mesmo sendo o
segundo dos sete filhos de minha querida mãe. Que recursos tinha eu em pedi-la
em noivado se mal conseguia arrancar dela alguns dedos de prosa? Na verdade ela
era a dama mais gentil que conheci na vida, e seria mais que um sonho tê-la
como esposa pelo resto dos meus dias nessa terra. Sua companhia era para mim a
maior felicidade que um homem como eu poderia ter, e estimá-la era uma das
atividades pelas quais me mantinham em fervorosa alegria mesmo nos dias cinzas.
Que poderia eu fazer para conquistá-la e roubar seu coração para sempre? Nunca
fui bom em discursar e parecer inteligente saboreando as palavras com meu bom
sotaque britânico, mas poderia deixar qualquer um pasmado pela minha perspicaz
escrita. Tenho um apreço descomedido por pianoforte. Meu pai se orgulhava em
ver-me tocar um instrumento com o mesmo afinco que ele cavalgava seus belos alazões.
Mas somente alguns sabiam disso. Ela nunca me viu tocar e muito menos passou os
olhos nas minhas cartas recentemente seladas para sua casa em Devonshire. Ela
adorava desenhar e isso me custava horas contemplando passo por passo seu
afinco em terminar um desenho bonito de um cavalo árabe que ela viu dia desses
galopando nas montanhas. Mas se havia algo nesse sisudo moço de trinta anos que
roubasse a atenção dela eram meus suntuosos olhos azuis. Herança de família,
coisa rara, na verdade não. Todos os meus irmãos tinham olhos claros, mas os
meus são de uma resplandecência fora do normal. Eu conseguia ver como ela
ficava embaraçada quando eu a fitava diretamente. Parecia fascinada pelo tom
azul que meus olhos irradiavam e eu amava vê-la sorrindo, sorrindo como uma
manhã dourada depois de uma noite tenebrosa. Eu a amava e isso me deixava cada
vez mais à deriva diante de tamanha inclinação pessoal para qualquer movimento
que ela praticava. É claro que eu estou arruinado, e o tinteiro acabou para
minha satisfação e já posso fechar mais um dia do meu diário íntimo e adormecer
pensando na mulher mais virtuosa que meus aquáticos olhos poderiam amar.
Depois de ler 7 capítulos de Razão e Sensibilidade fiquei cativada pelo modo lindo e sutil da Jane Austen de escrever seus deliciosos romances. O que me impulsionou a ler esse mimo da Austen foi um teste super fofo que a Dinha Cavalcante do Arcádia indicou no blogue recentemente. Fiz o teste e o resultado foi a heroína Marienne Dashwood! O teste é bem rápido mas precisei do google tradutor para me auxiliar, pois meu inglês empacou no verbo to be, rsrs. Para as heroínas da contemporaneidade espero que façam o teste e descubram com quem mais você se parece entre as mulheres encantadoras da nossa romancista preferida! Faça o teste aqui > Quiz
"Marianne Dashwood Está de Sense & Sensibility! Você é impulsiva, romântica, impaciente, e talvez um pouco brutalmente honesto. Você gosta de poesia romântica e romances, e jogar o piano maravilhosamente. Para arrancar, sua voz cantando é cativante. Você sente profundamente e amar apaixonadamente." Então essa personagem parece um tiquinho comigo?
4 comentários:
Nossa,essa heroína parece muito contigo,Tammy.
O meu teste deu Anne Elliot. A característica dela que se parece com uma característica minha é o fato de amar profunda e constantemente.
Adorei o texto,adorei o quiz,adorei tudo <3
J. é incrível! Meu livro favorito é Persuasão, mas a minha personagem favorita é a Beth, que também é minha heroina, haha. Valeu pela citação, mas vale ressaltar que eu tinha visto primeiro no blog da Mia, o Wink :) Show de bola esse quiz, né? Fiquei encantada!!
Este texto seu flui como ondas sutis e suaves. O sentimento palpita em tocadas leves de um amor daqueles acima da média. Plumas de doçura parecem flutuar pelo ambiente, tão lindo que é sentir-se dentro da leitura, viajando neste romance tão bem composto, tão perfeitamente cantado. É melodia doce demais. E não enjoa.
Amei essa característica inspirada em Jane. Ficou muito amoroso e gentil.
Beijo querida!!
Prima eu fiz o Quiz com calma e deu a Elizabeth !!! aaah! tinha que ser.
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