11 de fev. de 2012

Devaneio.

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Estamos parados.Nossos corpos letárgicos mirando-se ao entardecer de um sol que não adormece.Nosso silêncio.Mudos a nos amar em um único olhar perdido em águas remotas.Teu gesto taciturno me mantém imóvel enquanto sinto a brisa tocar meu rosto,desanuviado.E não existem palavras que decifrem nosso silêncio.És um mistério indecifrável,e estou tentando ler seus mil pensamentos.Esfinge enigmática a confundir meus poros.A lua enobrece o ceu desnudo.O rio outrora cálido jaz frio.Gelado como seu coração a tocar minha nuca,calafrio.E ainda estamos a sós em uma imensidão esquecida,velejando na maré baixa.Nossos corações encontram-se na mesma direção rio abaixo.Esperando a madrugada sucumbir para enfim adormecermos ao som dos pássaros.Estamos a descobrir a razão de estarmos nesse devaneio.Me olhas com um brilho suntuoso de uma alma que anseia o que desconhece.Parece entender meus paradigmas,desmembrando-me.Estamos a bailar em um barco rústico,meu vestido voa e seu sorriso cresce,cresce e vira uma constelação infinita de felicidade.Somos pó ao vento,flutuando à luz das estrelas,emergindo de desertos áridos.Eu quero seu riso,seu brilho,sua sutileza.Somos oásis ao redor de areias brancas,fauna colorida em uma floresta tropical.As tamareiras rebolam ao som do nosso baile misterioso.Sou teu silêncio,tua extremidade,tua cautela;noite formosa no Nilo,flutuando em colossais águas que o tempo não silencia.Teus olhos cintilam mais que a lua,meu sorriso te distrai te desmonta te reinventa.Somos completos nesse sonho,nesse devaneio.A sua melancolia foi corrompida pelo meu toque,pelo minha voz murmurando suavemente as palavras que você almejou escutar.Seu corpo está quente agora,e a água está fria.Você beija meus olhos e senti como estou apaixonada pelo seu sorriso.Estamos ao relento,agasalhados em nosso bom abraço.Sinto que toda ambiguidade foi ofuscada pelos uivos longínquos de animais do deserto.Ainda bem que estamos juntos,abraçados.Sonhando o mesmo sonho,a mesma fantasia,a mesma miragem.A dualidade que nos fazia ilha,agora é devaneio.Levado pelas águas migrantes e latentes.Pois somos a junção,dois eu's condensados numa alma dúbio e ao mesmo tempo,ímpar.És agora meu rio caloroso,e eu,sou o sol que te esquenta,que te inspira,que te faz denso e concreto.

2 comentários:

Anônimo disse...

nossa que profuundo.
arrazou. ameeeeei demais.

Pedacinhos de mim disse...

Os seus textos são sempre lindos, muitos bonitos de se ler mesmo. Um Beijo :)