25 de mai. de 2013

Perpétuo.





Olhando horizontalmente para mim percebo a carência que se alonga em meu interior como as nunces laranjas no pôr do sol. Sinto cada gota de solidão tocando a grama e beijando a terra em silêncio. Queria ser como as estrelas, brilhando enquanto o sol adormece, e quando ele renasce as estrelas menores se cobrem no manto invisível que esconde seu brilho dos seres terrestres. Tudo que tenho se mistura a água fria que carrega os tons lilases das flores pelo rio. Eu busco nos outros o que falta dentro de mim. Um pedaço do meu eu perdido no intrínseco de estranhos. Sempre caçando o elo com o eterno na essencialidade de outras almas. No fundo tudo é carência, um vazio enorme que não cabe em minhas mãos, mas está para além do mundo. Mas nos outros eu só encontro silêncios. Lentas passadas pelo bosque e nada vejo além da floresta que adormecida canta todo o seu silêncio no romper da lua no horizonte longínquo. Procuro por mim nessa imensidão, eu sou feita de mar e terra cota. Feita de um estampido abrupto e um calar inconstante. Sou um coração que pulsa no meio do oceano e um choro fraco na noite mais densa de uma vida. Sou o pó das estrelas e a poeira solar no meio da rua. Sou um grão de areia no deserto mais frio, o gelo derretido no meio da cozinha. Palavras e palavras sem sentido, que se entrelaçam e nada compreendem de concreto. Sou uma velha árvore travestida de folhas noviças. Uma montanha obediente que se desmorona nas enchentes. Sou um pássaro que voa solto e de repente desfalece no meio do nada, cansado de buscar o impossível. Sou o toque sublime de um pianoforte no meio da sala. A solidão de um instante que se prolonga perpetuamente. A ponte que ninguém ousa atravessar, velha e decrépta como um beijo envelhecido no porta retrato. Sou uma alma que anseia sobretudo o infinito.

4 comentários:

Samara Even disse...

Comecei lendo o texto e acabou que o texto me leu. Venho me sentindo assim faz um tempo. Como se o que eu tenho para oferecer, ninguém quisesse receber ou me dar algo em troca, retribuir. Tanta gente vazia...
Esperança eu tenho muito, que tudo vai dar certo. Amei muito. Bjin.

Loola disse...

nooossa , incrível o texto, vs é incrível =) escreve mt bem,

Alexandre Lucio Fernandes disse...

A alma se orienta em si e coleta (dis)sabores e tons da vida pujante, do amor abarrotado no ar. Nuance que se faz eterna na longínqua atitude das dádivas, dos sentimentos eloquentes que suportam os passos, nossos. Alma se aquieta, e inquieta nos desejos sublimes e densos que vociferam a vontade de se achar, de se identificar nos poros puros do ambiente. Ambiente de amor, perpétuo no ar, eternamente em nós.

Lindo Tammy!

a disse...

ainda bem que gostou , estou bem e você ?