25 de mai. de 2013

Cinza.

Uma fila imensa se prolongava pela plantaforma, alguns apoiavam o cotovelo no corrimão azul, eu continuava lendo um papel qualquer que anunciava alguns livretos em promoção. A noite urgia silenciosa enquanto as horas decaíam de cinco e meia para seis horas. O céu estava azul petróleo, meu vestido rosa de borboletas reteu a atenção de um garoto bonito da faculdade. Ele devia ter a minha idade e uma boa história de vida para nos contar. Talvez um dia eu descubra o que há de tão belo naqueles olhos escuros. Ele tem um rosto retangular e segura umas folhas nas mãos, parece atento ao que está escrito ali. Pensei como seria bom ter um amigo nesse momento para rir um pouco antes do dia se acabar. Mas a distância permitiu-me vê-lo com olhos de lince. Parece bobagem observar o jeito como alguém lê alguma coisa, mas eu gosto de ver a concentração saltando dos olhos das pessoas enquanto elas tentam captar a essência de um texto, enquanto o mundo se movimenta e a terra está girando, nossos olhos se limitam a algumas linhas horizontais num papel comum. Uma musica suave tocando em minha mente, e meus pensamentos dançam... dançam até o ônibus chegar. Dessa vez eu prefiri entrar no ônibus, ele ficou. Mas durante toda o restante do dia ele continuou em minha cabeça. E continuou, e continuou, até virar prosa noturna. Até se perder na solidão das palavras.

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