20 de abr. de 2013

Desabafo de uma universitária.

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Da janela do ônibus observo meu reflexo difuso. Vejo um rosto que chora em silêncio, ninguém percebe mas estou acabada e somente meus olhos conseguem transparecer toda minha angústia. O cansaço deixa meus ombros desfalecidos, e a bolsa pesada puxa ainda mais meu esguio corpo para o chão. Minha bolsa está tão pesada que as vezes me esqueço de pensar nos trabalhos, mas rapidamente me vem a mente os milhões de deveres acadêmicos que me deixam com cara de zumbi. Sim, feia e estressada em pleno fim de semana de sol e graça. Impaciente e com aquela cara de estudante universitário que sofre antes mesmo de começar a escrever o resumo sobre aquele livro de difícil compreensão. E ainda tem a lógica esmagadora do mercado, dinheiro#dinheiro,   e eu como uma simplória estudante dependente dos pais para bancar as xerox e os lanches encarecidos da universidade " pública", tenho que suportar os discursos neoliberais dos meus parentes que me cobram produção. Sim, produção. Como se passar horas a fio numa sala de aula ou lendo livros e artigos não fossem produção de conhecimento. E os trabalhos, fichamentos, resenhas, seminários, mini cursos, provas, visitas institucionais etc. ? Quando eu estava no último ano da colégio me cobravam desempenho para passar na faculdade, e agora que estou nesse campo tão fértil e ao mesmo tempo tão árido sou confrontada com discursos que visam o aligeiramento da minha vida acadêmica. Aí me vem aquela arrebatadora vontade de deixar o curso de lado e virar atendente de mercadinho, ganhando aquele salário mísero no final do mês e vivendo como uma máquina silenciosa e bem comportada que não encontra um meio de sair do seu mundinho cotidiano. Não, não dá pra mim. Mesmo que eu esteja saturada nos fins de semana e que meu tempo se aperte numa agenda lotada de atividades eu prefiro ser essa criatura que compra livros sobre questão racial e resolveu começar desconstruindo os próprios preconceitos. Que escolhi um curso não tão badalado no mercado porque de algum modo não consegue viver sem se questionar acerca das banalidades que passam desapercebidas a olho nu. E então eu percebo, no fundo daqueles olhos profundos e cansados um sublime brilho de satisfação. E eu sei que esse pequeno sinal de resiliência encontro motivos para dormir em paz e saber que naquele instante tudo fez sentido, até as olheiras parecem mais charmosas, brincadeirinha! Por fim, só quero dizer que no fim de um dia enfadante sempre haverá uma razão para continuar acreditando que o melhor ainda virá, quem sabe hoje, amanhã ou nesse minuto. Basta levantar os olhos caídos e desesperançosos, e contemplar a lua que embeleza o céu toda noite e nem por isso deixa de ser maravilhosa. Agora tchau, porque tem um trilhão de textos para ler pra segunda, terça, quarta...
Gostaria de pedir perdão aos meus amigos da blogosfera pela minha ausência. Minha incursão pelo território acadêmico está bem enfadonha e estressante mas caminho e sigo com meu melhor pensamento e meu vestido mais florido. Não sei bem quando retomarei as rédeas do blogger e voltarei a escrever com mais assiduidade. Nas férias, talvez. Por enquanto discorro sobre meus dramas estudantis, quem sabe me vem mais inspiração e faço mais desenhos. Ah, sem esquecer da minha tola atitude de mudar o layout do blogue, isso só reforça meu real estado mental, confusa. Fora esse percalços agradeço pelos carinhosos comentários e pela presença de vocês em tempos ariscos e tempestuosos. Grande abraço, até mais querid@s!

2 comentários:

Ana Paula disse...

Tammy, eu vi um concurso e lembrei de você. Dá uma espiadinha. Beijo

http://www.juventude.gov.br/noticias/2013/04/19-04-2013-terminam-em-30-de-abril-as-inscricoes-para-o-i-concurso-prosa-poesia-e-fotografia-participem-1

Anônimo disse...

Tammy, ví seu lindo comentário lá no blog da Ana Paula (sobre o livro dela) e vim correndo aqui conhecer você e o seu blog. Adorei tudo aqui. Você escreve muito bem e se a Ana indica é porque além de tudo você é ótima pessoa. Peço licença para compartilhar dos seus inspirados escritos. Já estou seguindo e perseguindo o seu blog.
Beijo
Manoel