1 de set. de 2012

Bruma


Lembro-me com certa nostalgia das noites que passei escutando a sua respiração letárgica. O ar que respirávamos nutria nossa paixão silenciosa. Aquele leve frescor de juventude em nossas pálpebras. E o céu ameno sorria, eram dias de glória, e nós nem sabíamos da imensidão presente em cada palavra confidenciada. Somente agora, após a névoa fria dissipar-se, percebo o quanto fui feliz ao seu lado. O quanto éramos contentes com nossa vida tranquila e adocicada pelo suave sabor das amoras que colhíamos nos dias frios. Lembro-me da chama que permanecia acesa mesmo nas madrugadas mais gélidas. Seu olhar semi despido a decifrar a minha languidez. Éramos uma bruma misteriosa a cortar a noite, éramos dois rios contemplando o mesmo céu. A aurora jamais dissipou-se sem a nossa boa prosa. Era fraca a luz que nos incendiava, talvez por isso o fogo apagou-se, rápido como a neblina.

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