9 de jun. de 2012

Mãos fatigadas,pés dispostos a dançar.


Se a vida não fosse tão fácil você me convidaria para dançar essa noite?Estou cansada de tanto escrever e meus pés estão dormentes,minhas mãos necessitam de repouso.Elas poderiam encontrar amparo em suas mãos.Se você as segurasse gentilmente e me tirasse desse silencioso quarto eu prometeria não pisar nos seus pés.Tenho um vestido encostado no armário,e uns sapatos bonitos.Eu poderia usá-los hoje,e você ficaria muito encantador com aquele terno azul jubarte que eu tanto aprecio.Meus dedos estão doloridos,querido,não recebeu as cartas que te mandei nessa manhã escura?Cada vocábulo escrito com meu sangue,e seus olhos não acreditam.Estive a percorrer a floresta no cair da tarde e o silêncio me sufocava a tal ponto que corri em direção do rio.Confusa a desejar ver seus passos lentos diante de mim.Mas eram apenas coelhos,disse para mim mesma.E eles me olharam como se me compreendessem.Até eles me entendem,menos esses teus tristes olhos.Que fizeste com minhas cartas?jogou-as na fogueira enquanto bebia a última taça de vinho?Brindaste a nossa separação com um sorriso dissimulado?Eu sabia de tudo.Mas nunca consegui abraçar a solidão com destreza.Sempre me escondi nesse quarto para espantar os fantasmas que me assombravam.Talvez não fossem criaturas fantasmagóricas,talvez fosse apenas a sua sombra a percorrer os corredores.Eu não consigo te tirar das mãos.Como um sangue escorrendo e pingando no chão frio.Não há mais o que fazer,está feito.Eu ateei fogo no vestido mofado e no sapato empoeirado.Porque eu sei que não haverá dança,nem música,muito menos as suas mãos segurando as minhas.





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