12 de mai. de 2012

Campestre.

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Um aroma campestre perfumava as narinas infantes das duas crianças que corriam descalças na relva.A tarde pendia diante dos olhos ternos que vislumbravam o sol com ousadia.Rolando entre as flores róseas que esmagadas despediam-se das suas pétalas.Uma música suave cantada pelo vento estremecia os ouvidos miúdos daqueles seres pensantes.Sorriam com os olhos e gritavam com os pés em uma corrida empolgante.Rodavam até ver estrelas cadentes,riam até acabar o fôlego,e respiravam o bom ar do campo até lavarem seus corações das aflições próprias da infância.Sentiam a vida em toda sua extremidade.Sem parênteses ou vírgulas,sem pausa dramática,apenas vida.A mais insolúvel gota de prazer saboreada pela intensa maneira de esquecer da existência.De flutuar nas loucuras insanas da paciência,tardando a chegada da ansiedade sufocante da maturidade.Destilando o doce das amarguras de um céu empalidecido,aspirando o fel das flores desgarradas.Pálpebras cerradas para sentir o infinito tocar o vazio interno,dedos descobertos para tocar no vento desperto.Lábios ressequidos esperando as gotas tímidas de água caírem das folhas verdes das árvores orgulhosas.Os raios solares a esticar a tarde que tardava em se refugiar na bruma.A lua despertando ingenuamente enquanto as nuvens cinzas desfilavam no céu outrora dourado.Os passos que antes corriam velozmente cessaram.Apressam-se para fugir da noite,procuram as chinelas desaparecidas na relva umedecida.Distante do lar retrocedem fatigados com um sorriso afogado nos pingos de chuva que começam a desabar.E a serena tarde refugia-se na luz cortante da lua,que encandece o caminho daqueles pequenos pés descalçados.

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