11 de ago. de 2013

A última romântica da terra...

                                       
                                        
Depois de velha comecei a duvidar dos filmes românticos. Comecei a gostar de finais azedos e beijos simples. De repente, não mais que de repente passei a detestar filmes com casais hiperbólicos, que se beijam como se o mundo fosse acabar daqui a pouco, que se apaixonam como dois adolescentes de alguma cidade do Texas. Não que eu tenha me tornado uma cética, uma moça desconsolada e fria; mas só não levo a sério filmes com finais felizes, mesmo que eu no fundo os adore. Acho que depois de Noites Brancas me tornei uma romântica desconsolada. Depois de assistir alguns filmes pela metade vi que algumas histórias não necessitam de um final. Que os últimos minutos talvez não sejam tão empolgantes quantos os 5 minutos iniciais da película. Acredito nos filmes antigos, em preto e branco. Em que a mocinha tem rosto de borracha e boquinha de arroz, e o herói é um arquétipo de Clark Gable antes de Gone With the Wind. Assisti o fabuloso destino de Amelie Poulin ontem. Fiquei pensando como seria ajudar as pessoas e no final alguém bater na minha porta com aqueles olhinhos de carência suplicando por um beijo. Acho que na certa eu diria alguma tolice e tentaria burlar meus sentimentos fingindo não sentir nada por aquele jovem em minha sala de estar. Estou amarga como um café expresso numa xícara sem fundo. Queria ganhar uma florzinha branca, queria ler um poema escrito gentilmente para mim debaixo de uma laranjeira. Queria acreditar que alguém pensa em mim quando vê a chuva pingando no solo barrento. Eu penso geralmente em alguém quando vejo a chuva, mas acredito que pensar em alguém não significa muito em uma sociedade em que os pensamentos são desprezados. Acho que sonhar é uma das dádivas mais incandescentes da nossa vida, mas as vezes os devaneios não suprem o grande vácuo que consome nossa fé. Ainda alimento o sonho de casar e construir uma família equilibrada, mas vejo que até mesmo isso seja uma fuga do meu lar conturbado. Quem sabe eu realmente encontre alguém disposto a isso, mas será que eu estou verdadeiramente animada em construir um lar? As vezes penso que só estou interessada em alguém para me bajular e dizer o quanto sou bela. Quanto egocentrismo, vejo que não estou preparada para me relacionar com alguém. Tenho que aprender a amar a companhia da solidão, a minha companhia. No fundo eu sou uma amante dos velhos romances e dos apaixonados pela fossa. Imagine uma pessoa que adora se auto mutilar, pensar mais nos defeitos e como eles podem ser significativos para alguém se afastar de mim. Sempre acreditei que um dia seria cortejada por um doce rapaz de olhos amáveis, e ele me entregaria seu coração e a sua vida para que eu pudesse enfim provar o sabor da vida. Ainda acredito nesse sonho, mas agora ele está submerso em meu coração. Esperando que alguém surpreenda-me e reanime a velha romântica que está adormecida.

Nenhum comentário: