1 de jun. de 2013

No meio da calçada.


Na rua um estampido solto rompeu o asfalto, correu pela calçada e me atropelou.
Eram teus olhos a piscar, de tão forte me alcançou.
Tentei fugir mas era tarde, eu até que burlei minhas verdades, pra tentar surrupiar o que nasceu.
E cá estou rimando inversos.
Coração costurado de velhos remendos, meus dedos trêmulos, minha boca desértica.
E mesmo assim você me tocou. Me despiu de modo sutil.
Parece que sabe quem sou. E eu incrédula finjo que acredito.
Vejo o vento bagunçar o lixo na rua, e entre tantos murmúrios lá estou sentada na calçada pensando em você.
Boba.
Fazendo chover desilusão dos olhos.
Tua cor de giz é quente como o sol, derretino no líquido dos olhos, maresia.
Teus olhos de mar me alegram.
Riso frouxo pra iluminar minhas manhãs claras. Cintilante, vivo, solto.
Gosto como o tempo se depara com a nossa imperfeição.
Cores quentes como um sorvete no verão.
Decente, dormente, carente,cadente.
Nem morno nem molhado, bonitinho como um beijo no outono.
Foi uma quadrilha até contigo dançar. Dois bobos no meio da avenida. Flutuando como pipas no ar.
Chegou no tempo certo, sem certidão ou atestado.
Só agora aprendi a encontrar teu cheiro no meui de tantos perfumes nessa atmosfera.
Me espera, que ainda tem muito tempo pra gente se conhecer.

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