No final da página estava estampado seu sorriso de
outono, cheio de folhas no canto dos olhos. Ela era tão diferente das outras
gravuras. Os cachos enrolando a cada fio de cabelo negro, isso deixa ela ainda
mais interessante. Recortei-a e deixei na escrivaninha. Pensei em escrever um
poema sobre a curvatura dos seus cílios, o jeito de olhar para o nada e sorrir
como se estivesse observando a própria vida nascer e se multiplicar.
Apaixonei-me desde então pela moça do jornal da segunda feira. Não sei o nome,
endereço ou CPF mas, sei que canta com a íris dos olhos e me encanta a cada
vislumbre involuntário. Desenhei aquele olhar na parede do sala, e ficava ali
por horas, só contemplando aquela criaturinha fantástica. Me senti um romântico
de uma época bela, em que ficar fascinado pela caricatura de uma diva era o
modo mais sublime de amar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário