2 de set. de 2012

Apatia.

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Sua voz soou tão fria ontem a noite. Eu consegui sentir o ar congelado saindo dos seus lábios enquanto você cuspia as palavras mais ressequidas de emoção. Elas apenas traduziam o seu desprezo em escutar a minha voz. Cada resposta monossilábica soava como um soco no estômago, eram a derradeira comprovação das dúvidas que ainda permeavam em mim. Sua postura irônica apenas evidenciou a sua verdadeira feição. Nada de cavalheirismo ou música suave, apenas um olhar de desdém e uma aterradora sinfonia fúnebre. Teus tons cinzentos evaporaram e a única esperança de encontrar o que idealizei cessou. Foi apenas uma fantasia. Tudo que pensei ser real não passava de um belo teatro encenado pelos desejos mais inconscientes dessa minha inescrupulosa imaginação. Você nunca existiu de fato em minha mente, resolvi arregaçar as mangas e criar mais um homem ideal. Inexistente, cavalheiro e leal. Apenas uma torpe carência tornou possível a criação de mais uma ilusão. Ontem, naquele banco sombrio olhei para a sua face e reconheci seu rosto congelado. Aquela cor invernosa que me assustou na primeira vez que proseamos.  Aqueles olhos de neve que me mandavam ir embora para longe, pena não ter compreendido a mensagem. Sei que tudo isso foi provocado pela minha incansável vontade de me apaixonar. Prazer em conhecê-lo, agora acatarei ao seu conselho e sairei de perto desse seu ar congelante. Retorne para o seu mundo cinza, sempre gostei de cores, e o inverno nunca foi minha estação preferida. Gosto das folhas secas do outono, das flores que nascem na primavera e do sol ardente a acalorar meu coração no verão. Inverno me faz ficar encolhida, me deixa melancólica e os versos fluem de modo letárgico, quase dormentes. Não gosto de você, me apaixonei apenas por uma projeção ilusória, distante da sua verdadeira essência. É isso, apenas isso.

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