27 de abr. de 2012

O que restou de nós?


Há resquícios seus em meu sótão.Desci ontem para apagar a lareira e senti teu hálito percorrer
o recinto.Um arrepio subiu até a ponta do último cílio.Ainda te tenho aqui dentro,mesmo que eu não queira admitir.E eu não sei lidar com isso,eu realmente não esqueci o som da sua voz,mas seu sarcasmo me feriu profundamente.E ainda dói lembrar que isso poderia ter ido além,mas o nosso orgulho é muito soberbo para admitir uma falha.E cada instante que seu nome surge em meus pensamentos,eu tento me convencer que um dia você irá desaparecer completamente de mim.Mas hoje,só hoje eu gostaria de chorar todos os medos e rancores que me dilaceram.E se fosse possível escolher um ombro para me apoiar seria o seu que minhas lágrimas escolheriam para se derramar.Sem necessitar de palavras eu escolheria estar perto das suas pupilas.Abraçaria seu corpo cansado até que toda essa melancolia sumisse da sua retina.Só quero o seu bem,mesmo que seja distante de mim.Haverá sempre uma xícara de café quentinha à sua espera.E caso queira uma amiga estarei aqui.Mas não é fácil,não é simples olhar pra você e ver que nunca seremos um casal.Seremos sempre desconhecidos que se olham com receio.Você nunca soube me encontrar quando eu estava perdida,e eu nunca te escutei quando você precisava desabafar sua tristeza.Se eu pudesse pedir algo seria estar com você hoje.Neste dia de fardos e mal humor.E eu iria chorar diante dos seus olhos de água e talvez,só talvez você também derramaria uma gota do seu oceano oculto.E levemente eu tocaria nessa lágrima e provaria sua salinidade.Sinto falta de você,por isso desci ao porão.Não para apagar a lareira mas para sentir teu cheiro asfixiando minha respiração.

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